Vagas de cibersegurança pagam até R$ 20 mil: mercado em falta de profissionais

A transformação digital tem elevado a importância da cibersegurança em diversos setores da economia brasileira. Com o avanço das tecnologias e o aumento das ameaças virtuais, cresce também a demanda por profissionais especializados capazes de proteger dados e sistemas estratégicos.

Estudos recentes apontam que o Brasil poderá enfrentar um déficit de até 140 mil especialistas em cibersegurança até 2025. Essa lacuna representa não apenas um desafio para empresas e instituições, mas também uma oportunidade de carreira promissora para quem busca atuação no setor tecnológico.

Contexto e relevância da cibersegurança no Brasil

A crescente conectividade tem transformado o mundo corporativo e social, evidenciando cada vez mais a importância da proteção digital. No Brasil, essa relevância se acentua devido à expansão acelerada de serviços online e ao crescimento do mercado de pagamentos instantâneos como o PIX. Esse cenário intensifica a atenção das empresas para práticas eficientes de defesa cibernética.

Além disso, pesquisas e relatórios apontam uma demanda extremamente alta por profissionais qualificados na área. Estimativas divulgadas em abril de 2024 pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) indicam que, até o ano de 2025, o país enfrentará um déficit de cerca de 140 mil especialistas em cibersegurança, com projeção de um total de 530 mil vagas não preenchidas em TI; desse montante, boa parte reflete posições ligadas à segurança digital.

Não apenas empresas brasileiras, mas também corporações globais e órgãos governamentais reconhecem a urgência de medidas destinadas a mitigar riscos. O aumento de incidentes como vazamentos de dados e ataques por ransomware reforça que a proteção do mundo digital deixou de ser apenas um diferencial: tornou-se uma necessidade estratégica.

Por fim, é evidente que essa nova realidade demanda profissionais preparados, políticas eficazes de prevenção, investimento em capacitação contínua e, acima de tudo, uma mudança cultural na forma como os riscos cibernéticos são encarados pelas organizações. Só assim será possível evitar prejuízos devastadores e fortalecer a economia digital brasileira.

O déficit de profissionais e os desafios de formação

O déficit de aproximadamente 140 mil profissionais até 2025 revela um problema estruturante na formação de talentos nacionais. As instituições de ensino e as empresas precisam se mobilizar com urgência para suprir essa carência, estimulando a formação de novos analistas, engenheiros e executivos em segurança de informação.

Dentro desse esforço, merecem destaque iniciativas como a criação do curso de Cibersegurança da PUC‑Campinas, lançado em 2024 como o segundo de graduação no país. A oferta de vagas atende a um interesse crescente por formação acadêmica voltada à segurança digital, que engloba tecnologias, regulamentações (como LGPD) e metodologias de prevenção.

Para além das salas de aula, a construção de conhecimento prático e aplicado é essencial. Workshops, laboratórios e estágio em empresas do setor também precisam ser ampliados, de maneira a integrar teoria e prática. Unidades como o Ciesp e o Senai-SP têm colaborado, por meio de treinamentos e consultorias, na propagação de boas práticas e na capacitação intensiva de equipes.

Mesmo com esse panorama de mobilização, superar o gap exige tempo, recursos e cooperação. É preciso que governos, universidades e setor privado trabalhem em conjunto, assegurando não apenas o ingresso, mas também a permanência e o avanço dos profissionais no mercado frente à concorrência internacional.

Oportunidades no mercado e condições de trabalho

Fonte: Canva

A carência de especialistas causará um impacto direto nas condições salariais e nas possibilidades de carreira. Já há relatos — vindos de diferentes setores — de remunerações que ultrapassam os R$ 20 000 mensais para profissionais experientes, o que representa um claro atrativo frente aos R$ 2 500 iniciais.

Essa valorização salarial atua como motor para o desenvolvimento da segurança digital no país, despertando o interesse de profissionais que hoje atuam em áreas correlatas, como TI, redes, desenvolvimento de software ou até auditoria. A transição se intensifica com o reconhecimento da relevância estratégica da função de CISO (Chief Information Security Officer).

Além do aspecto econômico, o mercado se mostra promissor em termos de empregabilidade. Setores essenciais como finanças, telecomunicações, governo, saúde e indústria intensificam a criação de equipes dedicadas, interessadas em construir cultura de segurança robusta, políticas claras de proteção e resposta efetiva a incidentes.

Entretanto, a retenção de talentos representa um desafio: o Brasil compete com empresas estrangeiras que oferecem salários internacionais e possibilidade de trabalho remoto global, muitas vezes em moedas fortes. Essa competição reforça a necessidade de políticas de desenvolvimento de carreira com benefícios consistentes, planos de crescimento e investimentos em qualidade de vida laboral.

Expansão de programas e iniciativas para suprir a carência

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Diante dessa realidade, iniciativas institucionais e privadas ganham destaque. Instituições de ensino têm ampliado a oferta de cursos presenciais e a distância em cibersegurança, como a PUC‑Campinas com seu curso de graduação, o Senai-SP com treinamentos profissionalizantes e entidades como o Ciesp lançando palestras e monográficos.

O setor privado também participa ativamente dessa mobilização, com academias como a ACADI‑TI oferecendo especializações voltadas à formação prática do profissional. Em uma publicação recente, a ACADI‑TI destaca que o mercado está em expansão e há uma carência significativa de profissionais preparados. Esses centros mantêm cursos focados em Threat Intelligence, análise forense e no desenvolvimento do perfil do analista técnico.

A parceria entre empresas e academia é outro fator determinante. Projetos como centros de excelência, cooperação entre universidades e o Ciesp e o Senai-SP permitem a criação de trilhas de formação com base nas reais demandas do mercado. Além disso, fomentam o intercâmbio de conhecimento entre especialistas, criando uma rede colaborativa de aprendizado.

Por fim, a construção de comunidades locais e grupos de estudo merece destaque. Os profissionais formados são estimulados a compartilhar cases, aprender com vulnerabilidades reais, fomentar debates sobre o ecossistema (como LGPD, ransomware e ataques por phishing) e aproximar empresas e especialistas. Essas trocas são fundamentais para fortalecer a cultura de segurança no longo prazo e preparar o Brasil para os desafios de 2025 e além.

A influência da transformação digital na demanda por especialistas em segurança

Vagas de cibersegurança pagam até R$ 20 mil: mercado em falta de profissionais
Fonte: Canva

A digitalização acelerada de serviços públicos e privados tem modificado profundamente as estruturas de funcionamento das organizações. Esse processo ampliou a dependência de sistemas informatizados e plataformas digitais, tornando-os mais expostos a ameaças cibernéticas complexas e recorrentes.

Com o uso crescente de inteligência artificial, big data e computação em nuvem, a superfície de ataque digital expandiu-se consideravelmente. Assim, a necessidade de contar com profissionais capacitados para prever, detectar e mitigar riscos tornou-se ainda mais estratégica e inadiável para empresas e governos.

Além disso, a transformação digital exige que os profissionais de cibersegurança se atualizem continuamente, dominando novas ferramentas e acompanhando a evolução das táticas dos agentes mal-intencionados. A formação tradicional já não é suficiente: é preciso desenvolver habilidades práticas em ambientes altamente dinâmicos.

Esse novo contexto também pressiona as instituições educacionais a inovarem suas abordagens. Cursos voltados à cibersegurança precisam ir além da teoria, oferecendo laboratórios de simulação, desafios reais e integração com empresas para que os alunos estejam prontos para atuar com excelência desde os primeiros anos de carreira.

Gostou de saber mais sobre como está o mercado de trabalho em cibersegurança?

O Brasil vive um momento disruptivo no campo da cibersegurança, impulsionado pelo crescimento da economia digital, da conectividade e dos riscos a que empresas e cidadãos estão expostos. O déficit significativo de profissionais — estimado em 140 mil até 2025 — representa tanto um desafio urgente quanto uma oportunidade única de desenvolvimento de carreira, mercado e inovação.

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Por fim, a cibersegurança no Brasil está assumindo o destaque que merece, exigindo investimentos, políticas públicas e privadas eficientes, troca de experiências e o compromisso de desenvolver talentos. Para quem deseja atuar na área, esse é o momento certo: a porta está aberta, e as oportunidades são reais.

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